terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pedrulha e a sua história...

Outrora uma aldeia na periferia da cidade de Coimbra, Pedrulha é hoje um bairro da cidade onde predomina a industria. Situa-se a norte da cidade, limitada a este pela ip3 e a oeste pelos campos do Bolão. Com a implantação das várias indústrias o modo de vida das pessoas foi alterado e a própria configuração habitacional também.Hoje, podemos distinguir duas zonas diferentes: a parte antiga, com casas pequenas, ruas estreitas e alguns becos, onde figuram alguns espaços históricos como a Igreja, a Capela de S.Simão, o Pelourinho, dois Fontenários e a Fonte dos Passarinhos com a sua nascente. A parte nova, constituída por urbanizações que substituíram as zonas verdes da povoação.Há ainda a salientar que a Pedrulha foi sede de Freguesia no século passado, contando nessa época 63 fogos. Hoje pertence à Freguesia de Santa Cruz.


A Igreja Matriz
A Igreja da Pedrulha foi construída em meados do século XVIII pelo Bispo conde D.Miguel da Anunciação, sob a invocação de Nossa Sra da Visitação.De linhas simples e agradáveis, era considerada vasta para a época. No seu interior, de relevante tem as imagens da Nossa Sra da Visitação e de Nossa Sra da Piedade, ambas do século XVIII.Esta igreja sofreu grandes obras de beneficação em 1983. Tendo sido recentemente (1997) restaurados os seus ricos altares. A Capela S. Simão
Esta pequena e modesta edificação situada na Pedrulha foi construída num ponto alto, a Nascente, ao tempo local isolado.
Foi propriedade das Fábricas Triunfo e posteriormente adquirida por um empreiteiro. Actualmente é património Municipal.
De acordo com as datas inscritas no letreiro da fachada sabe-se que teve reformas em 1890 e 1925.
A escultura do Santo titular S. Simão, que remonta ao séc. XVI, encontra-se na Igreja Matriz da Pedrulha. Este Santo apresenta-se vestido de franciscano, com barbas, segurando na mão esquerda um livro sobre o qual pousa uma pomba.
A capela possuía um pequeno sacrário renascentista, de fins do séc. XVI, esculpido em pedra de Ançã. O que resta desse sacrário está, também, na Igreja Matriz da Pedrulha.
No presente encontra-se desactivada e a precisar de restauro. Porém, segundo relatos populares era visitada, em romaria, à Segunda-Feira de Pascoela. No terreno anexo à capela está a ser construída uma urbanização que nos leva a questionar sobre o futuro que esta irá ter. O Pelourinho / Cruzeiro
Próximo da Igreja Matriz encontra-se um Cruzeiro do séc. XVI, constituído por uma coluna dórica, firmada num bloco de pedra semelhando rochedos e este por sua vez, assenta em dois degraus.
Na frente do capitel existe um escudete com uma inscrição, com caracteres pouco legíveis.Os Fontenários

Fontenário do Largo da Rua – este fontenário, construído em calcário, situa-se no Largo de Sto António, tendo sido local de abastecimento de água mas também de ponto de encontro, onde as pessoas conversavam, reinavam e até namoravam. Hoje, encontra-se seco e, não fosse a oposição do povo já teria sido destruído à muito.Fontenário da Ladeira – este fontenário, situado ao fundo da Calçada do Plátano, foi durante muitos anos o local de abastecimento de água para consumo doméstico da Pedrulha. Deixou de funcionar em 1970, data em que foi canalizada a água ao domicilio.Marco do Bolão
Importante monumento, quer pela antiguidade (datado de 1710), quer pela função de divisão territorial, uma vez que define as fronteiras de três Freguesias deste Município: Antuzede, Santa Cruz e Trouxemil.
Foi recuperado pelo Grupo de Arte e Arqueologia do Centro em 1981. Todavia, alguns anos depois seria destruído pela passagem das máquinas agrícolas, uma vez que se situa em zona cultivável.
Em Dezembro de 2004, o Departamento de Cultura da Câmara Municipal de Coimbra, restaurou este monumento centenário existente nos Campos do Bolão. No intuito de preservar e valorizar o património local, colocou-se junto a uma antiga ponte “a vau”, efectuando-se um arranjo urbanístico por forma a evitar o aparecimento de vegetação permitindo, ao mesmo tempo, o seu enquadramento e relevo na paisagem.
Este restauro manteve o esquema já utilizado na recuperação de 1981 respeitando-se a presença, junto ao marco, de uma laje epigrafada datada de 1674 “NA ERA DE 1674 FES ESTAS OBRAS POR CONTA DA CAZA D AVEIRO ANTONIO D MAGALHAES ALMOXARIFE DA MESMA CAZA E IUIS DOS DIREITOS RE(ais?)”.
Pensa-se que a origem do topónimo terá a ver com o formato arredondado do terreno, como um bolo grande.





Em Coimbra



A Freguesia de Santa Cruz de carácter urbano, possui 5,7km2 de área total, compreendendo várias zonas de povoamento: Baixa, Montes Claros, Conchada, Coselhas, Loreto e Pedrulha. É uma das mais importantes Freguesias da Cidade e até do País, atendendo ao núcleo histórico e arquitectónico que a compõe e ao valor cultural que representou nos primórdios da Nacionalidade. Após a conquista de Coimbra aos mouros, D. Afonso Henriques muda a capital do reino nascente de Guimarães para Coimbra, local estratégico na linha defensiva e ponto de partida para a Reconquista. Vai rodear-se e procurar o apoio dos influentes Cónegos Regrantes de Stº Agostinho, com destaque para D. Telo, S. Teotónio e D. João Peculiar que, a partir do Mosteiro de Stª Cruz - construção românica, iniciada em 1131, fora das portas da Cidade, no local denominado por "Banhos Régios"- contribuíram para transformar a cidade num importante núcleo cultural, tendo tido influência relevante na batalha diplomática que D. Afonso Henriques teve de travar com Leão e Castela e a Santa Sé, para o reconhecimento de Portugal como reino independente. Com os mestres do Mosteiro, Fernando Martins de Bulhão (Stº António) veio beber a sua formação de homem de cultura. Na igreja, profundamente reformulada no reinado de D. Manuel I, jazem D. Afonso Henriques e D. Sancho I. D. João III imprimiu a esta zona um aspecto de modernidade, aquando da transferência definitiva da Universidade para Coimbra, ao encarregar Frei Brás de Braga de proceder à construção do Jardim da Manga e abertura da Rua da Sofia, onde se vieram instalar as diferentes Ordens Religiosas com os seus Colégios, para preparação dos alunos destinados à universidade (S. Miguel, Todos-os–Santos, S. Bernardo, S. Boaventura, S. Domingos, S. Tomás, Carmo, Graça, S. Pedro). Foi a vivência desta 1ª fase da Nacionalidade que inspirou os símbolos que estão na base do Brasão da Freguesia: os Livros de Stª Cruz, as Coroas dos dois Primeiros Reis de Portugal e a Cruz Crúzia, que representa o topónimo de Stª Cruz. Para além da Igreja de Stª Cruz, Café (Capela de S. João das Donas), Igreja de Stª Justa, Fonte da Madalena e Fonte Nova, Pátio da Inquisição, outros aspectos a nível arquitectónico poderão ser considerados, como o casario da Baixa que revela uma característica ainda medieval, quer na arquitectura quer a nível de alguns topónimos.


Na Pedrulha, realçam-se o Cruzeiro (séc. XVI), o Marco do Bolão (séc. XVII), a Igreja de N.ª Sra da Visitação (séc. XVII), a Capela de S. Simão e a Fonte dos Passarinhos. A nível económico, apesar da actividade dominante ser essencialmente o comércio e serviços, existe uma área agrícola na Pedrulha e Campos do Bolão e alguma indústria.
«Brasão: escudo de vermelho, cruz latina de prata, trilobada, entre duas coroas abertas, de ouro com pedraria de verde, em chefe e dois livros abertos, de prata, com fechos e suas correntes do mesmo. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “COIMBRA – SANTA CRUZ”.
Bandeira: amarela, Cordão e borlas de ouro e vermelho. Haste e lança de ouro.
Selo: nos termos da Lei, com a legenda: “Junta de Freguesia de Coimbra – Santa Cruz”.

Simbologia:
- Coroas de Rei - representam D. Afonso Henriques e D. Sancho I, que estão sepultados no Mosteiro de Santa Cruz (mandado construir pelo primeiro Rei).
- Livros com Cadeados - significam os livros que existiam nos Cartórios e Bibliotecas de Santa Cruz, os Colégios e a Rua da Sofia.
Sofia significa sabedoria. No séc. XVI era uma Rua moderna para a época devido à invulgar largura, complementada pelos colégios eclesiásticos fervilhantes de vida.
- A Cruz Crúzea: representa o topónimo “Santa Cruz”, o Mosteiro, com sua Igreja e Torre.